A tecnologia Core e seus modernos cilindros
O ano era 1906. Da fábrica de Manchester, Inglaterra, sai o primeiro AX 201, batizado
de Silver Ghost (o fantasma prateado).
Como já era tradição do fabricante inglês, o veículo embarcava a mais avançada tecnologia
da época. Dotado de um propoulsor de 6 cilindros em linha com 12 válvulas (2 por cilindro) e
7036cc, o Silver Ghost desenvolvia 48cv a 1.250rpm, impelindo o veículo à supreendente
marca de 101km/h.
Como consumo de combustível, emissão de poluentes, segurança dos ocupantes e amenidades de
condução eram exigências impensadas para a época, o Silver Ghost contava com um ineficiente
sistema de freio a tambor, suspensão baseada em molas semi-elípticas (feixe de molas) e um
conjunto estrutural de chassis, carroceria e vidros completamente "rígidos", sem qualquer
capacidade de absorver impactos em caso de colisões.
Hoje a indústria automobilística está 101 anos a frente do consagrado Fantasma Prateado de 1906.
Mantidas as devidas proporções com relação à marca - uma vez que a Rolls Royce ainda
detém o título de fabricar "The Best cars in the world" (os melhores carros do mundo) - ficam
nítidas as vantagens que se popularizaram graças à evolução tecnológica.
Um modelo popular fabricado em 2006/07 embarca um propoulsor de 4 cilindros, 1400cilindradas e,
apesar de cinco vezes MENOR, entrega 80cv de potência ao seu condutor (contra os 48cv do
bretão secular).
Além do notório incremento na relação potência/cilindrada, os veículos de 2007 alimentam-se
de combustíveis híbridos, sorvendo gasolina ou álcool (ou a mistura de ambos) e, mesmo assim,
emitindo muito menos poluentes que seu ancião de 100 anos atrás.
Quando buscamos os itens de conforto no Fantasma Prateado, nos deparamos com um aristocrático
estofamento de couro, confeccionado artesanalmente, um requintado painel de instrumentos
encravado em madeira de lei com indicadores em cristal com aro de prata e uma profusão de
metais brilhosos.
Nos triviais modelos populares de 2006/07, encontramos direção hidráulica (ou elétrica),
suspensão de molas helicoidais, isolamento acústico, embreagem de acionamento assistido,
CD Player, ar-condicionado, luzes indicativas, alertas sonoros, etc.
E a segurança?
Hoje, mesmo os veículos mais "básicos" preocupam-se com a preservação da vida dos ocupantes
em seu interior.
Cintos de segurança de três pontas, freios hidráulicos (alguns modelos até incorporam o sistema ABS), monobloco
deformável para absorção dos impactos, painel revestido em material amortecedor, coluna de
direção retrátil, vidros laminados, bancos com encosto mais alto para proteção da cervical,
além de air-bags frontais e laterais que podem ser encontrados em alguns modelos.
Os tecidos e espumas empregados nos bancos, os plásticos de acabamento das portas, teto e
painel, além da tapeçaria de assoalho são pouco inflamáveis, com princípio auto-extinguível e baixa
emissão de fumaça. Em resumo, no caso de um princípio de incêndio, nosso Silver Ghost seria
consumido em minutos, enquanto os modelos atuais poderiam, até mesmo, restringirem a área do
incêndio a uma pequena porção do veículo, isso quando não a extinguissem.
E o que isso tem a ver com a tecnologia Core?
Tudo! E mais um pouco!
Toda essa alusão ao setor automobilístico teve o propósito de conduzir o usuário de tecnologia
a uma quebra de paradigma.
Os condutores que se mantiveram presos ao referencial de que MAIS cilindradas significavam
MAIS performance estão tão atuais quanto um dinossauro passeando em plena praia de Copacabana!
Como já vem sendo alardeado há um bom tempo, a relação de GIGAHERTZ e performance está mudada!
(perceba: não escrevi "mudando", escrevi "mudada", ou seja, já é uma realidade!)
A tecnologia de processadores com arquitetura Core exibe faixas de frequência entre
1.6GHz e 2.13GHz.
Isso não significa, nem de longe, que um processador Pentium 4 de 3.2GHz oferecerá melhor
performance ao usuário.
Para entender a nova relação de performance o usuário terá que buscar os "cavalos de força"
dos processadores novos e antigos.
E, tal qual o espanto de ver os 7litros e 6 cilindros de 1906 entregando
48cv, enquanto os motores atuais de 1,4l entregam 80cv, o usuário também se espantaria ao
descobrir que um processador de 1.6GHz pode entregar 40% mais performance que seu antecessor
de 3.4GHz!
A vantagem a favor do mercado de informática é que não são necessários 100 anos para que
saltos tecnológicos sejam são perceptíveis ao consumidor final.
A cada ciclo de 18 meses uma nova tecnologia assume a ponta, sem que, por isso, os custos de
aquisição sejam dilatados. Ao contrário! Além de colocarem produtos melhores e otimizados à
disposição dos consumidores, a indústria ainda os oferece a custos mais acessíveis!
E a ecologia? E as emissões de poluentes? E o consumo?
Essas questões foram a mola propulsora para que a indústria de processadores buscasse
novas tecnologias.
Os processadores de tecnologia Core consomem 40% menos energia, dissipam menos, exigem menos
tensão para serem resfriados ativamente, além de incorporarem controles térmicos que tornam a
ação dos ventiladores uma tarefa dinâmica e inteligente.
A presença dessas tecnologias se reflete em computadores mais econômicos, mais silenciosos,
mais confiáveis e mais longevos.
E a segurança do usuário? E os itens de conforto?
Novamente a analogia com o mercado automobilístico serve de ilustração.
Os processadores atuais incorporam funções de detecção de atividades virais (tecnologia XD ou Non-Execute Disable Bit),
criptografia de dados na camada de hardware, tecnologia de gerenciamento avançado, além da
aclamada tecnologia de virtualização acelerada via hardware (VT Technology), através da qual o
usuário pode construir máquinas virtuais com performance otimizada via hardware e, através dessas
VMs, operar com mais conforto em diversos ambientes distintos de ecossistema (sistemas operacionais, tarefas, propósitos de
operação, etc).
E a confiabilidade? E a durabilidade?
Diferentemente do mercado automobilístico, onde muitos usuários duvidam (com certa razão) da durabilidade de
propulsores dotados de turbo, sistemas de óxido nitroso ou motores que foram alvo de práticas
mais severas de obtenção de potência (como rebaixamento de cabeçotes para elevação da taxa de compressão),
os usuários dos processadores modernos terão a percepção de que a nova família é mais confiável e
goza de maior longevidade.
A longa vida dos produtos se deve exatamente à menor fadiga aplicada aos produtos com
clock reduzido, às menores oscilações de dilatação e contração às quais são submetidos os
materiais durante o aquecimento e resfriamento e, sobretudo, aos menores consumos de energia, que se
revertem em menos carga elétrica transitando pelos Cores.
E as estradas ?
Finalmente chegamos ao último tópico desse artigo.
De nada adiantaria tanta evolução tecnológica se não houvesse infra-estrutura onde aplicá-la.
É nessa infra-estrutura que se encontram a "estradas da informação".
Sistemas Operacionais multi-tarefa, suporte a 64bits, conexões de alta velocidade, suítes de softwares
de produção, softwares 3D, editores de vídeo e imagens, modeladores de protótipos, softwares de
cálculo de ponto flutuante, dentre outros. Estes são os responsáveis pelo ecossistema que populará
os equipamentos da geração Core.
Desenvolver processadores mais modernos para operar softwares de gerações obsoletas é algo tão
imprudente quanto usar veículos modernos nas temerárias estradas de 1906.
A combinação de softwares e hardware de última geração será a grande explosão de percepções
que despertará o usuário moderno para as possibilidades de usufruto de um computador novo.
Até a próxima!
Autor : Ralph Vils
Fontes de Pesquisa: Wikipedia
O logo "RR", Rolls-Royce, bem como Silver Ghost são marcas registradas da Rolls Royce Grã-Bretanha.
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