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A tecnologia Core e seus modernos cilindros de alta performance
Por: Ralph Vils
Rio de Janeiro - RJ
19 de Setembro de 2006


A tecnologia Core e seus modernos cilindros

O ano era 1906. Da fábrica de Manchester, Inglaterra, sai o primeiro AX 201, batizado de Silver Ghost (o fantasma prateado).
Como já era tradição do fabricante inglês, o veículo embarcava a mais avançada tecnologia da época. Dotado de um propoulsor de 6 cilindros em linha com 12 válvulas (2 por cilindro) e 7036cc, o Silver Ghost desenvolvia 48cv a 1.250rpm, impelindo o veículo à supreendente marca de 101km/h.

Como consumo de combustível, emissão de poluentes, segurança dos ocupantes e amenidades de condução eram exigências impensadas para a época, o Silver Ghost contava com um ineficiente sistema de freio a tambor, suspensão baseada em molas semi-elípticas (feixe de molas) e um conjunto estrutural de chassis, carroceria e vidros completamente "rígidos", sem qualquer capacidade de absorver impactos em caso de colisões.

Hoje a indústria automobilística está 101 anos a frente do consagrado Fantasma Prateado de 1906.
Mantidas as devidas proporções com relação à marca - uma vez que a Rolls Royce ainda detém o título de fabricar "The Best cars in the world" (os melhores carros do mundo) - ficam nítidas as vantagens que se popularizaram graças à evolução tecnológica.

Um modelo popular fabricado em 2006/07 embarca um propoulsor de 4 cilindros, 1400cilindradas e, apesar de cinco vezes MENOR, entrega 80cv de potência ao seu condutor (contra os 48cv do bretão secular).
Além do notório incremento na relação potência/cilindrada, os veículos de 2007 alimentam-se de combustíveis híbridos, sorvendo gasolina ou álcool (ou a mistura de ambos) e, mesmo assim, emitindo muito menos poluentes que seu ancião de 100 anos atrás.

Quando buscamos os itens de conforto no Fantasma Prateado, nos deparamos com um aristocrático estofamento de couro, confeccionado artesanalmente, um requintado painel de instrumentos encravado em madeira de lei com indicadores em cristal com aro de prata e uma profusão de metais brilhosos.
Nos triviais modelos populares de 2006/07, encontramos direção hidráulica (ou elétrica), suspensão de molas helicoidais, isolamento acústico, embreagem de acionamento assistido, CD Player, ar-condicionado, luzes indicativas, alertas sonoros, etc.

E a segurança?
Hoje, mesmo os veículos mais "básicos" preocupam-se com a preservação da vida dos ocupantes em seu interior.
Cintos de segurança de três pontas, freios hidráulicos (alguns modelos até incorporam o sistema ABS), monobloco deformável para absorção dos impactos, painel revestido em material amortecedor, coluna de direção retrátil, vidros laminados, bancos com encosto mais alto para proteção da cervical, além de air-bags frontais e laterais que podem ser encontrados em alguns modelos.
Os tecidos e espumas empregados nos bancos, os plásticos de acabamento das portas, teto e painel, além da tapeçaria de assoalho são pouco inflamáveis, com princípio auto-extinguível e baixa emissão de fumaça. Em resumo, no caso de um princípio de incêndio, nosso Silver Ghost seria consumido em minutos, enquanto os modelos atuais poderiam, até mesmo, restringirem a área do incêndio a uma pequena porção do veículo, isso quando não a extinguissem.

E o que isso tem a ver com a tecnologia Core?

Tudo! E mais um pouco!
Toda essa alusão ao setor automobilístico teve o propósito de conduzir o usuário de tecnologia a uma quebra de paradigma.
Os condutores que se mantiveram presos ao referencial de que MAIS cilindradas significavam MAIS performance estão tão atuais quanto um dinossauro passeando em plena praia de Copacabana!

Como já vem sendo alardeado há um bom tempo, a relação de GIGAHERTZ e performance está mudada! (perceba: não escrevi "mudando", escrevi "mudada", ou seja, já é uma realidade!)
A tecnologia de processadores com arquitetura Core exibe faixas de frequência entre 1.6GHz e 2.13GHz.
Isso não significa, nem de longe, que um processador Pentium 4 de 3.2GHz oferecerá melhor performance ao usuário.
Para entender a nova relação de performance o usuário terá que buscar os "cavalos de força" dos processadores novos e antigos.
E, tal qual o espanto de ver os 7litros e 6 cilindros de 1906 entregando 48cv, enquanto os motores atuais de 1,4l entregam 80cv, o usuário também se espantaria ao descobrir que um processador de 1.6GHz pode entregar 40% mais performance que seu antecessor de 3.4GHz!

A vantagem a favor do mercado de informática é que não são necessários 100 anos para que saltos tecnológicos sejam são perceptíveis ao consumidor final.

A cada ciclo de 18 meses uma nova tecnologia assume a ponta, sem que, por isso, os custos de aquisição sejam dilatados. Ao contrário! Além de colocarem produtos melhores e otimizados à disposição dos consumidores, a indústria ainda os oferece a custos mais acessíveis!

E a ecologia? E as emissões de poluentes? E o consumo?

Essas questões foram a mola propulsora para que a indústria de processadores buscasse novas tecnologias.
Os processadores de tecnologia Core consomem 40% menos energia, dissipam menos, exigem menos tensão para serem resfriados ativamente, além de incorporarem controles térmicos que tornam a ação dos ventiladores uma tarefa dinâmica e inteligente.
A presença dessas tecnologias se reflete em computadores mais econômicos, mais silenciosos, mais confiáveis e mais longevos.

E a segurança do usuário? E os itens de conforto?

Novamente a analogia com o mercado automobilístico serve de ilustração.
Os processadores atuais incorporam funções de detecção de atividades virais (tecnologia XD ou Non-Execute Disable Bit), criptografia de dados na camada de hardware, tecnologia de gerenciamento avançado, além da aclamada tecnologia de virtualização acelerada via hardware (VT Technology), através da qual o usuário pode construir máquinas virtuais com performance otimizada via hardware e, através dessas VMs, operar com mais conforto em diversos ambientes distintos de ecossistema (sistemas operacionais, tarefas, propósitos de operação, etc).

E a confiabilidade? E a durabilidade?

Diferentemente do mercado automobilístico, onde muitos usuários duvidam (com certa razão) da durabilidade de propulsores dotados de turbo, sistemas de óxido nitroso ou motores que foram alvo de práticas mais severas de obtenção de potência (como rebaixamento de cabeçotes para elevação da taxa de compressão), os usuários dos processadores modernos terão a percepção de que a nova família é mais confiável e goza de maior longevidade.
A longa vida dos produtos se deve exatamente à menor fadiga aplicada aos produtos com clock reduzido, às menores oscilações de dilatação e contração às quais são submetidos os materiais durante o aquecimento e resfriamento e, sobretudo, aos menores consumos de energia, que se revertem em menos carga elétrica transitando pelos Cores.

E as estradas ?

Finalmente chegamos ao último tópico desse artigo.
De nada adiantaria tanta evolução tecnológica se não houvesse infra-estrutura onde aplicá-la.
É nessa infra-estrutura que se encontram a "estradas da informação".
Sistemas Operacionais multi-tarefa, suporte a 64bits, conexões de alta velocidade, suítes de softwares de produção, softwares 3D, editores de vídeo e imagens, modeladores de protótipos, softwares de cálculo de ponto flutuante, dentre outros. Estes são os responsáveis pelo ecossistema que populará os equipamentos da geração Core.
Desenvolver processadores mais modernos para operar softwares de gerações obsoletas é algo tão imprudente quanto usar veículos modernos nas temerárias estradas de 1906.
A combinação de softwares e hardware de última geração será a grande explosão de percepções que despertará o usuário moderno para as possibilidades de usufruto de um computador novo.

Até a próxima!

Autor : Ralph Vils
Fontes de Pesquisa: Wikipedia
O logo "RR", Rolls-Royce, bem como Silver Ghost são marcas registradas da Rolls Royce Grã-Bretanha.

Xeon Core 2 Quad v-Pro ViiV
Rolls Royce Silver Ghost, 1907

Rolls Royce

Rolls Royce

Rolls Royce

 

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